domingo, 12 de julho de 2009

Didi, o gênio da camisa 8


Dessa vez queria falar um pouco sobre um dos jogadores mais talentosos e vencedores do futebol brasileiro, Didi, o "Princípe Etíope".

Waldir Pereira, mais conhecido como Didi (Campos dos Goytacazes, 8 de outubro de 1928 — Rio de Janeiro, 12 de maio de 2001) foi entre tantos outros títulos, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira nas Copas de 1958 e 1962. Foi Eleito o melhor jogador da Copa de 58, quando a imprensa européia o chamou de "Mr. Football". Foi um dos maiores e dos mais elegantes meio-campistas do futebol brasileiro, ganhando assim o seu apelido de "Princípe Etíope" do escritor Nelson Rodrigues. Seu estilo de jogo era baseado principalmente nos passes e lançamentos perfeitos, além dos chutes precisos ao gol. Ele não era conhecido por sua velocidade ou atleticismo, e para justificar isso, dizia que "Quem tem que correr é a bola". Bons tempos... Traçando um paralelo bem tosco com um jogador mais atual, o estilo dele era mais ou menos similar ao do Zidane, descontadas as diferenças de época em que cada um atuou.

Didi é famoso por ser o inventor do chute conhecido como 'folha seca', basicamente um arremate de trivela em que a bola parte alta, e bruscamente começa a cair em direção ao gol, surpreendendo o goleiro adversário.

Apesar das jogadas de Didi seram de uma época em que poucos jogos eram televisionados, não permitindo que hoje possamos ter uma real dimensão do seu talento e qualidade, um dos poucos lances gravados do mestre me chamou muito a atenção. Esse lance ocorre na final da copa de 1958, quando a Suécia surpreende a seleção e abre o placar. Nesse momento Didi vai ao fundo das redes, pega a bola, e calmamente caminha em direção ao meio do campo, enquanto diz aos seus companheiros (o timaço que contava com, entre outros, Pelé, Garrincha, Djalma Santos e Nílton Santos): "Isso não é nada!" Senhoras e senhores, isso é a atitude de um líder, seja em 58, 97, 2009 ou 2025! Sensacional. O resultado foi que a virada brasileira pra cima dos suecos, com o jogo terminando em 5X2 para a seleção. Começava aí a mística da seleção canarinho.

Um trecho da autobiografia do Pelé, em que ele fala sobre o Didi:

"Didi era muito hábil. Era o nosso mestre, ficava sempre em volta de nós dizendo:
- Preste atenção aonde você vai chutar essa bola!
Era esperto demais, às vezes. Fingia que ia passar a bola para um lado do campo, aí passava para o outro. Aquilo nos confundia também. Ele então gritava:
- Seus idiotas, eu estou tentando confundir o time deles!"


Hahahahahaha esse era o mestre!

Didi jogou por diversas equipes, notadamente Fluminense, Botafogo, São Paulo e Real Madrid, que nessa época já montava sua versão dos Galacticos com Di Stefáno, Puskas e Didi. A experiência não deu tão certo na prática, e Didi retornou pouco tempo depois ao Brasil. O Botafogo foi o time pelo qual ele mais atuou, jogando 314 partidas e marcando 114 gols, atuando ao lado de lendas como Garrincha, Zagallo, Nilton Santos, Quarentinha e Gérson.

Após encerrar a carreira como jogador, Didi foi técnico, e chegou a levar a seleção do Peru à Copa de 1970 no México. Esse time contava com o grande Teófilo Cubillas, e vinha fazendo boa companha, porém foi eliminado do torneio nas quartas-de-finais, ao ser derrotado por 4X2 pela seleção brasileira de Pelé, Rivellino, Tostão, Gerson e cia que eventualmente seria campeã do mundo e considerada como um dos melhores times da história...

Didi faleceu em 2001, aos 72 anos, mas seu nome ficará gravado para sempre ao lado dos melhores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial, na memória daqueles que admiram o futebol bem jogado.

O adeus ao mestre Didi em 2001 - Youtube

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